No Airsoft existem diversos tipos de armas, partindo de pistolas à rifles de precisão. O que todas armas têm em comum é a propulsão de uma esfera plástica. O que difere é o modo como tais esferas são lançadas. De igual forma aos militares das forças armadas, conhecer seu armamento é uma obrigação. Portanto, o presente artigo visa expor minimamente os tipos de mecanismo de propulsão de esferas plásticas (bb’s), bem como os componentes internos das armas do tipo AEG.
TIpos de funcionamento das armas de airsoft
O mais comum é o de ação por mola, o chamado spring. Seu acionamento é realizado através de engatilhamento manual, possibilitando com que seja disparada a munição (bb’s). Cada tiro que for realizado necessita de um acionamento manual prévio. Algumas pistolas, escopetas, fuzis e rifles precisão possuem este sistema. Via de regra, não proporciona grande força/alcance, impossibilitando tiros sequenciais. É mais usual para rifles de precisão, que são adaptados para conferir melhor performance ao tiro.
Existem também as armas do tipo AEG’S, que significa Airsoft Eletric Gun, ou seja, são armas que funcionam através de um sistema elétrico alimentado por uma bateria. É o mais utilizado no esporte, podendo ser realizado tiros sequenciais, rajadas contínuas e de quantidade programada. Internamente é composto por um conjunto de engrenagens que acionam o mecanismo pneumático. A pressão pneumática gerada pelo ciclo das engrenagens gera força suficiente para lançar a munição a distâncias consideráveis e com precisão.
Por último, destacam-se os modelos que utilizam gás comprimido, alojados na arma em cápsulas ou em reservatório interno. A cada acionamento do gatilho, uma pequena quantidade de gás é liberada, suficiente para impulsionar a “bb”. Alguns modelos que utilizam gás comprimido possuem o efeito “blowback”, sendo um recuo a cada disparo que visa simular o de uma arma de fogo. Armas que utilizam o sistema a gás comprimido têm vantagens no sentido de ter ótimo desempenho, mas desvantagem por sofrerem variação devido a temperatura e clima.
COMPONENTES INTERNOS DE UMA AEG
Como visto, AEG é a arma de Airsoft com funcionamento elétrico alimentado por uma bateria recarregável. Há tipos diversos de baterias que podem proporcionar melhor desempenho no disparo, mas não será aprofundado neste momento. A bateria fica alojada, na maioria dos casos, na parte da coronha da arma. Basta que seja conectada ao plug do sistema elétrico da AEG.
Para demonstrar os componentes internos de uma AEG, será utilizada a plataforma mais conhecida: fuzis de assalto modelo M4, com gearbox versão 2. Tais fuzis lançam seus projeteis em velocidade média de 400 fps (feets per second) e alcance efetivo de 50 metros. O funcionamento consiste em apertar o gatilho que, com o fechamento do circuito elétrico, envia energia para o motor, que este por sua vez, põe em movimento as engrenagens que irão recuar o pistão, pressionando a mola. No fim do curso das engrenagens, o pistão será solto, comprimindo o ar presente no cilindro. Este ar que será comprimido gerará força para lançar a esfera plástica pelo cano da arma.
O primeiro componente de uma gearbox que iremos tratar é o motor. Existem motores específicos para armas que buscam velocidade de disparo e motores que possuem mais força, sendo os últimos utilizados em armas que usem mola de maior densidade. Exemplo, são as armas de DMR, preparadas para alcances mais longos que as de assalto. Os motores, após o acionamento do gatilho, rotacionam e põe em funcionamento as engrenagens.
Seguindo, as engrenagens possuem um ciclo, no qual, em um primeiro momento, recua o pistão pressionando a mola, fazendo com que a câmara do cilindro se encha de ar. Após, libera a pressão da mola, gerando pressão de ar no cilindro. As engrenagens também são diferenciadas de acordo com a configuração da gearbox da AEG. Se a arma é voltada a tiros rápidos e no modo automático, a relação e tamanho das engrenagens deverá atender a esta necessidade. Em sentido inverso, há engrenagens específicas para quando o sistema interno da AEG trabalhe com uma mola mais densa (forte).
A mola, por sua vez, é o componente que mais influencia na força de propulsão do ar. É medida por sua densidade. Vale o alerta de que utilizar uma mola com alta densidade em uma AEG, cujo os demais componentes sejam para molas mais fracas, irá causar estragos em médio a longo prazo.
Está alojada atrás do pistão, sendo pressionada por este quando se inicia o ciclo das engrenagens. Atrás dela está o guia de mola, podendo ser na versão rolamentada, que alivia a tensão de torção. Com o tempo pode sofrer desgaste, perdendo a densidade de fábrica, necessitando substituição.
O pistão é empurrado pela mola que, por sua vez, comprime o ar alojado no cilindro. A peculiaridade dos pistões é em relação ao conjunto de dentes na parte inferior, variando de material e quantidade. Estes dentes são tracionados pelas engrenagens, recuando o pistão e tensionando a mola. No fim do ciclo das engrenagens, os dentes do pistão e das engrenagens perdem contato, liberando a pressão da mola e deslocando o pistão para frente.
Na parte frontal do pistão encontra-se a cabeça de pistão, peça que é responsável pela vedação durante a compressão do ar. Ao seu arredor existem anéis de borracha que são friccionados pelas paredes do cilindro, evitando com que o ar escape durante o deslocamento de compressão. Variam pelo número de anéis vedantes e pelo modelo de sua face, podendo conter uma borracha que amortece o impacto ao final do curso.
O cilindro é onde o pistão e cabeça de pistão realizam seu curso, ou seja, onde é realizado o movimento de recuo e avanço para compressão do ar. Os pistões variam conforme tipo de sistema AEG, podendo ter aberturas em suas paredes. Esta diferença é relacionada a cadência de disparo e o volume de ar necessário para impulsionar a munição. Cilindros vazados permitem maior aceleração do pistão durante o início do movimento de compressão, o que confere uma resposta de tiro quase que imediata. Já os pistões sem ranhuras são usados em armas que necessitam de um maior volume de ar para impulsionamento da esfera plástica, geralmente quando as armas possuem canos maiores, pois deve haver uma proporção entre volume de câmara de cilindro e volume de cano (será abordado em outro artigo).
Perceba os dois cilindros vazados possuem as ranhuras em locais diferentes, mesmo que o pistão tenha o mesmo curso (distância de deslocamento) para os três cilindros, o volume de ar na câmara será menor no que tem ranhura mais à frente e maior no cilindro sem janela. Para uma boa performance, deve-se observar os demais componentes relacionados com o cilindro, sendo o cano, engrenagens e motor, no que tange a força vs. velocidade.
Fixada no fim do cilindro, a cabeça de cilindro é o funil do ar que é comprimido na câmara, através impulso da mola e movimento do pistão e cabeça de pistão. É a saída do ar para o impulsionamento da munição pelo cano. Possui anéis vedantes ao seu redor que ficam pressionados nas paredes do cilindro, direcionando o ar para o canal em sua parte central.
Por fim, o Air Nozzle, peça que realiza um deslocamento mínimo ao ponto de alimentar a arma a cada disparo, é encaixada no pino da cabeça de cilindro (figura acima). É responsável pela saída de ar comprimido e alimentação da câmara de disparo. Seu recuo e avanço é realizado concomitante ao ciclo das engrenagens. Assim, a cada disparo uma nova munição entra na na câmara de disparo e é pressionada pelo Air Nozzle que, quando acionado o gatilho, libera o ar comprimido diretamente na esfera plastica.
De forma simplificada este artigo demonstrou a funcionalidade das peças que compõe uma gearbox versão 2, de AEG’s da plataforma M4. O objetivo não foi exaurir todos os tipos e variáveis, mas sim mostrar o funcionamento básico e a mecânica que ocorre entre o acionamento do gatilho até o disparo da esfera plástica.
Então, para recapitular, ao acionar o gatilho a bateria envia energia para o motor, este que por sua vez rotaciona as engrenagens. Estas iniciam seu ciclo tracionando o pistão e tensionando a mola. No fim do ciclo, a pressão da mola é liberada, empurrando o pistão de cabeça de pistão para frente, comprimindo o ar existente na câmara do cilindro. Ao passo da compressão, o ar é deslocado através da cabeça de cilindro e Air Nozzle, chegando ao fim na esfera plástica que é lançada pelo cano da arma.
Todas estas peças necessitam de manutenção preventiva de um armeiro, sob pena de sofrerem desgastes excessivos e comprometerem o funcionamento da AEG. Também, podem ser substituídas por peças que propiciem melhor desempenho no que tange a velocidade de disparo, força, alcance e precisão.
Esperamos que você tenha compreendido, ao menos de forma simplificada, o funcionamento de uma gearbox. Até o próximo artigo de manutenção!
Obrigado pelas dicas, foi essencial para minha lista de upgrade.
Parabéns